sexta-feira, 1 de abril de 2011

RAID 3 - SELECÇÃO DAS SEIS FOTOGRAFIAS FINAIS


Fotografo na memória cada pedaço das minhas tardes. De cada tarde pacata e vândala que invade cada segundo do meu tempo. Sinto-me alegadamente a realizar o pecado da luxúria, em frente ao mundo, quando como um doce. É um minuto do trabalho que podia estar a fazer. É um pouco de leitura de calculadora que desperdiço a ver as ruas e o mundo. Não é muito justo descobrir o que se fez ou deixou de se fazer só por causa de causas perdidas. É um facto.

Sou dono do mundo. sou e quem manda. Sou a pura diversão das tardes livres. Sou recreio em mim próprio. O meu corpo reflecte o que os meus olhos vêm. A minha mente decora os cânticos das pareces. Sou eu quem manda nos outros que me ignoram. Sou eu quem faz o que os sonhos pedem. Idealizo as formas que se constroem mesmo à minha frente. Analiso, firmemente, cada traço, cada passo que as senhoras que se vestem de preto têm e dão, quando se atravessam à minha frente na rua. Dizem que sou ruim. Pois eu acho-me excelente.

Reflicto-me nas tuas mágoas mais obscuras.
Sou aquele ou aquela (isso já depende dos teus gostos) que te atormenta os pesadelos tornando-os piores.
Sou a pessoa de quem tu tens aquela subconsciente inveja que te trai. Que te apunhala.
Sou quem não compreendes.
Sou quem criticas.
Sou livre.



SENTE! Esta confusão na minha cabeça.
OLHA! O meu esqueleto aos saltos dentro deste saco de pele infame.
OUVE! Os gritos da minha roupa que se rasga de cansaço.
GRITA! Para os meus fantasmas te ouvirem e fugirem a sete pés.
SABOREIA! Os meus lábios quando loucos sorvendo cada momento de calma.



Olho através de um portal para um mundo que só me pertence à noite, quando sonho. A vida podia ser toda um sonho. Já não há mais nada para ver aqui, estou cansada e a minha mente já repete frases. Tenho medo do vício da vida. Sigo então em frente, na insegurança de que sou ‘’viver’’ para sempre em relutância.


Estes olhos que me prendem à fantasia que é viver. Lavo os dentes e ensopo o aparelho dentário, na espera de que desapareça. As princesas não usam aparelho, nem precisam de lavar os dentes. Nascem e morrem perfeitas. Acordam e deitam-se incorrigivelmente limpas, cheirosas e bonitas. E eu acredito que sou assim. Ou vou ser amanhã, longe do tempo que me leva a tarde amarela…

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